Google+ Canal Brasília: In the siso...

13 de agosto de 2012

In the siso...

Por Arisson Tavares
Imagem da internet editada.
Acompanhei uma grande pequena amiga minha durante uma cirurgia. O tempo foi passando e eu comecei a ficar ansioso enquanto esperava do lado de fora. Sentei do lado de uma menina linda, mas ela nem olhar pra mim olhou. A pobre estava com o pescoço imobilizado, acho que não dava pra rolar uma paquerinha sem contato visual. Eu estava tão desatento que se um médico me dissesse “Parabéns! É menino!” eu pularia de alegria comemorando (sendo que a minha amiga só foi retirar o siso).

A senha passava rápido. Não reparei nos números, apenas nos efeitos sonoros emitidos. Conversas paralelas, ouvia sem interpretar. Nessas horas de agonia o celular vira Twitter e o SMS vira postagem.

Essa minha amiga prova que Doutor House não é ficção. O siso dela nasceu deitado e chegava até a provocar inflamação no ouvido. Na hora da cirurgia a doutora viu que o raio X não mostrava a profundidade real do “maledito dente”. Outros dentistas não quiseram encarar e depois de horas de pesquisas e várias renuncias retornamos sem sucesso para casa. Ela com a gengiva costurada e eu com a dor da derrota. No dia seguinte segundo round, o siso perdeu de lavada.

Identifico-me de certa forma com aquele siso. Nasceu diferente, isolado dos outros, buscando um espaço. A menina que estava do meu lado foi embora sem olhar pra trás (o que já era previsível). Agora eram só eu e o papel.

A natureza é tão perfeita. Como explicar esse dente renegado? Será consequência do aquecimento global? Por que ele não pode simplesmente crescer e cair sozinho? Seria bem mais prático.

Lembrei de um caso na TV de um menino que foi arrancar um dente e o médico retirou todos. E se a minha amiga chegasse banguela? Putz! Apoiei a cabeça e peguei num sono. Acordei com o médico me balançando:

-Ei, menino. Acorda! Ei, menino!

Interpretei da minha forma:

-Heim? É menino? É menino! É menino!

Saí pulando pelo hospital.

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