Google+ Canal Brasília: Crônica: Alucinógeno dia

20 de abril de 2012

Crônica: Alucinógeno dia

Por Douglas de Almeida


Mais um dia frio e cinzento se passou. Não digo hoje, pois já passa da meia noite e este “hoje” ficou no passado. A chuva que cai neste momento lava a cidade inteira, mas não lava as lembranças e não as apaga porque elas são inatingíveis, profundamente inatingíveis. Não lava o coração e nem os sentimentos reservados no mais íntimo dos pensamentos. A vida não pára e jamais parou para qualquer pessoa. Sendo assim, não pararia para mim também e graças a isto é que eu pude me distanciar dos fatos fatais. Tenho um hábito peculiar de viver intitulando as coisas e me arrependo das coisas que não fiz e das que fiz incompletamente. Eis aí títulos em situações. Isto não pára porque a vida não pára.  Tudo acontece como um real paradoxo encravado em algum lugar do tempo-espaço, em algum lugar de lugar algum.

A história está repleta de heróis conquistadores e sonhadores. Para alguns os sonhos são loucuras dementes que crescem e se fixam como grossas paredes de tijolos altas, malfeitas, intransponíveis. O mundo está repleto de tentativas de heroísmos e nem por isso todas as grandes paredes foram derrubadas. Quem seria capaz de fazê-lo? Na escuridão do ano as coisas perdem a importância e durante a movimentação da vida não há importância para as coisas que são o que deveriam ser se não fossem o que eram anteriormente. Há um sentido na falta de sentido, um real para o irreal ou um ilógico dentro do lógico. Sei apenas que nada pode superar as experiências concretizadas que agora não passam de meras lembranças. É preciso saber diferenciar lembranças de dores, pois as dores inexplicáveis podem virar câncer. É irracional pensar nas vidas, é vertente o sentido do entendimento que ora pende para onde não se deve e outrora reflete na moral dilapidada pela sede insaciada. As palavras se transformam em jogos doentios, versáteis e protestantes que falam através de olhares em rupturas no bojo da consciência, bem usadas, bem rebuscadas, bem objetivas e concisas. Palavras são só palavras e só têm poder algum quando colocadas sabiamente em seus respectivos fundamentalismos cabíveis.

Um mergulho profundo ao inóspito pode revelar coisas verdadeiramente marcantes como visões abstratas produzidas pelo desconhecido íntimo. Intimamente  abstrato em sonhos profundos verdadeiramente marcantes mergulhados em visões. Visões deslumbrantes profundamente abstratas que marcam no íntimo as verdades produzidas no inóspito revelado. Palavras fundamentalizam o poder sábio dos respectivos sentidos colocados no íntimo abstrato gerando assim o despertar, o senso, o título, o peculiar hábito de explicar o insondável em algum lugar de lugar algum.

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