Google+ Canal Brasília: Crônica: Pensamentos Escritos

27 de abril de 2012

Crônica: Pensamentos Escritos


Por Douglas de Almeida

Foto da internet
É madrugada do dia trinta, à hora primeira e a natureza saúda a segunda-feira com uma chuva leve e demorada. Tenho poucas horas até nascer de fato. Dentro de alguns instantes irei para o lugar onde o pensamento nunca acaba. Ah, ah, ah! Quisera-me saber como é do outro lado do pensamento e regressar à realidade para narrar todos os momentos sem tempo. O tempo que nada perdoa, não regride, não transgride e não refaz em absoluto nada. Nada a não ser o que não é e aquilo que está na moda para não dizer o que está em enquete de fato sem parágrafos e solto nas entrelinhas. Sensação de liberdade talvez seja óbvio, ou talvez não. A chuva começa a engrossar e eu alinho os meus pensamentos em uma perfeita sincronia simbiótica.

É fatal não poder voltar atrás e voltar atrás é fatal quando os pés estão costurados no presente assombrado das horas desconexas e vazias por onde eu vago todas as noites com ou sem chuva. Um terço daquilo que possuo está em mim enquanto que o restante está sabe lá onde e nem para mencionar meus vexames precatórios cometidos ao som de meus pensamentos em narração contingente-persistente. Entendi tudo! Agora sim eu entendi. Estou dormindo e não vou mais acordar. Só peço aos céus que me desperte no dia certo, pois assim pretendo estar por durante trezentos e sessenta e seis dias, bissextualmente. Com tamanha semelhança zelo pela continuidade do descontínuo real que paira sobre o tempo crônico temperamental e inerte. Inerte. Inerte. Inerte. Inerte. Mais chuva! Mais certeza! Mais tempo e menos acordar. Quero descrever o lugar onde o tempo nunca acaba assim: nele é azul, azul e azul. Ou será escuro com tons em cinza e marrom? Nada acontece, nada se move, não há som e nem movimento. O tempo não acaba e não acabou. O tempo não acabará enquanto houver chuva.

A madrugada de segunda-feira com perfume de demência e cores de auspício misturando-se ao som do vazio. Um dia de movimentos, um dia vago que não foi registrado pelo diário do homem com pensamentos inacabados e imprecisos. Estou esperando então e quando despertar dessa minha hora sem fim estarei em outro mundo onde o tempo nunca acaba regado ao som da chuva. Lá estarei.

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