Google+ Canal Brasília: A TV que sabia demais...

28 de maio de 2012

A TV que sabia demais...

Por Arisson O Grande

Foto da internet
A afirmação veio de uma feira de eletrônica de consumo em Las Vegas: "Adeus, caixa burra. Olá, TV inteligente". A tendência tecnológica do momento é um novo sistema de televisão ligado à internet, pelo menos essa é a aposta dos fabricantes do aparelho. Vários projetos foram apresentados na feira e não me limitei a apenas ver as novidades. Pensei logo no avanço futuro e nas possíveis novas funções televisivas.

Imaginem-se sentados em um sofá de frente para aquela janela mágica chamada TV inteligente. O nome define bem a principal função do aparelho, não a subestime. Você pega o controle e ela liga sozinha, sem te dar tempo sequer de estender o braço:
- Olá. Bom dia, senhor.

Você não responde, afinal, odeia aquela voz eletrônica. Te lembra aquele maldito atendimento por telefone:

- O nosso sistema de sensores detectaram que o seu semblante e batimento cardíaco demonstram desânimo. Vamos colocar em um programa animado que pertença a sua classificação indicativa.

Você dá um sorriso discreto. A televisão acertou em cheio. Na tela, imagens daquele filme que você nem sabia que existia, do tipo que você começa a assistir e quer ver o final, mas nem sabe o nome. É hora dos comerciais e você se levanta:

-Atenção, senhor. O tempo do comercial dessa emissora é de apenas cinco minutos. No caso de fazer a opção de número dois no banheiro, informamos que talvez o tempo não seja o necessário e possivelmente o senhor perderá o início do bloco.

Você ignora o alerta e corre para o banheiro para provar que o sistema humano é uma obra que funciona de maneira perfeita e nas horas indesejadas. Ao voltar, você percebe um cara diferente no filme:

-Uai! De onde saiu esse homem?

Uma pergunta de duplo sentido, mas sua TV é inteligente e percebe o verdadeiro conceito desejado:

-Ele é o irmão da protagonista, senhor.

A voz eletrônica te transmite um resumo do início do bloco e você percebe que muita coisa aconteceu nos minutos bem utilizados no banheiro:

-Ele tem cinco minutos para desarmar uma bomba? Mas ele não é só um taxista? Isso é possível?

Essa é uma dúvida minha de décadas. Será que qualquer civil consegue desarmar uma bomba em cinco minutos? Já é difícil fazer o número dois com um cronômetro te pressionando. Não sei o que fazer quando uma pessoa tem um ataque epiléptico na minha frente, mas sei que para desarmar uma bomba basta escolher entre cortar o fio azul ou o vermelho:

-Corta logo os dois! - Você grita ansioso.

A contagem regressiva já abandonou os algarismos decimais e o taxista continua em dúvida de que fio cortar:

-Você vai morrer. Corte logo.
-Não senhor, ele não vai morrer - Interrompe a voz eletrônica.

Nós sabemos que milhares de personagens morrem em filmes de Hollywood, menos o protagonista. Em filme de ação figurante tem cerca de cinco minutos de vida ou o tempo de uma troca de cartucho de balas. É óbvio que ele não vai morrer, mas é bom sentir a adrenalina da dúvida:

-Droga! Você me contou o final do filme.
-Não, senhor. Só disse que ele não vai morrer.
-E que graça tem assistir um filme já sabendo disso. Não quero mais ver. Coloque em um programa de televisão inteligente.

Nessa hora a imagem trava e o sistema dá pane. Você não tinha pago a assinatura do canal a cabo e na busca por um programa inteligente o sistema se conectou automaticamente à internet. Na tela apareceu a janela do Google com a frase: "Você quis dizer: programa de televisão".

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