Google+ Canal Brasília: Crônica: Blogs e Afagos

30 de dezembro de 2011

Crônica: Blogs e Afagos

Para ler ao som de Junior Boys (Playtime)

Por Fabrício Fernandes

Recebi o convite de Vinícius para encontrá-lo. Enquanto me arrumava comecei a escrever no meu blog Vidas Secas. Coisas do instante. Da janela vejo os cabelos caídos nos rostos de vários rapazes. Acho que estão ávidos em busca de um som. Caminhando de mãos dadas com suas garotas pela rua. Tão singelos e tão confiantes. Aquelas mãos entrelaçadas vão atravessar gerações e gerações. Acho que escrevo para ti e para mim. Enquanto escrevo para mim tudo fica estranho e confuso. Mas enquanto escrevo para ti, as coisas parecem um pouco mais claras. Senti um cheiro de incenso de flores mortas. Credo! Pensei em fazer algo para que a lucidez não me embotasse. Os jovens lá na rua deram às costas e vi suas nucas perdidas ao ar livre. Tinham peles morenas. Vi que alguns rapazes sorriam com olhares cabisbaixos. Estavam falantes. Sei que eles experimentam o frêmito da juventude assim como eu agora. Atualizei o post. Vinícius já devia estar me aguardando no café. E eu aqui escrevendo sem parar. Faltavam apenas trinta minutos para dar o horário de encontrá-lo. Preciso me arrumar rápido. Escolhi a melhor peça no guarda-roupa. Pus um casaco roxo de veludo. Você parece uma cinderela-indecisa, ouvi certa vez de uma colega. Estávamos numa rodinha e ela me solta uma dessas. Atualizei o post. Depois abri a porta do quarto e dei de cara com Mary dizendo que estava com a cara da madrugada. Aí ele me disse: por que quer procurar tanto o que não vai encontrar nele? Não tenho tempo pra divagações, respondi a ela. Escrevi estas frases no blog: Lembrei do sorriso primaveril do Vinícius. Das linhas retas do seu coração. Da profundidade desconhecida de suas frases simples. Atualizei o post. Depois escrevi: O reflexo do Vinícius nos carros enquanto caminhávamos lado a lado surgia junto com assertivas engraçadas – como você ta soltinha hoje. É!?..., e eu ria. Tudo porque falava sem parar. Certa vez estávamos sentandos num banco de madeira e ele me disse – Me deixa sozinho. Quando escutei isso dele senti como se carne enrijecida do seu coração se acumulasse no meu. Os letreiros da pista presenciaram a minha triste despedida. Levantei do banco e fui embora. O deixei lá. Atualizei de novo o post. O casaco não caiu bem. O deixei sobre a cama, e voltei ao computador mas escrevi apenas isso: Agora vou encontrar com Vinícius. Atualizei, desliguei o computador, e saí de casa. – Oi! – Oi! Beijinhos. E enquanto jogávamos conversa fora, papo pra lá, papo pra cá, notei que ele se distraiu e deixou a página aberta do meu blog no seu celular. – Oh! Não acredito não! Ele riu.

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